sexta-feira, 16 de março de 2012

Custo de produção de soja e milho no MT deve crescer em 2013


O planejamento para a próxima safra de milho e soja em Mato Grosso vai exigir do produtor rural investimentos superiores em relação ao que foi gasto no ciclo 2011/12. Os custos de produção para as culturas devem crescer 3% e 7,3% respectivamente, segundo cálculos do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Mesmo com o olhar para o desenvolvimento da segunda safra de milho no estado e a atenção voltada ao fechamento de negócios da soja, muitos agricultores já começaram a pesquisar os preços dos itens que vão utilizar no preparo das lavouras.

Em Sorriso, a 420 quilômetros de Cuiabá, Guilherme Wilcke diz que o momento é de esperar os preços baixarem para concretizar os negócios. Em 2011/12 ele plantou 1,1 mil hectares com soja e milho no município, atualmente o maior produtor nacional da oleaginosa.

"Já deu para sentir que o custo será maior. Vamos aguardar para ver se o preço melhora. Por enquanto, é pesquisar", contou. Na hora de plantar, o produtor precisa investir na compra desde insumos (sementes, fertilizantes, defensivos, operações com mão de obra, colheita), aos custos com equipamentos, manutenção de máquinas e impostos.

De acordo com o Imea, o custo de produção da soja para a safra 2012/13 deve avançar de R$ 1.622 por hectare a outros R$ 1.741, evolução de 7,3%. A pressão sobre o preço dos insumos deve continuar. Somente neste primeiro bimestre de 2012 o preço médio tornou-se 18% maior em relação ao mesmo período de 2011.

Daniel Latorraca, gestor do Imea, explica que uma conjunção de fatores frequentemente influencia os gastos. Somente para a próxima safra, os custos para adquirir os fertilizantes devem representar 45% do total de investimentos das chamadas despesas operacionais do setor. São R$ 471,60 ante R$ 1.042 para pagar toda operação.

"O fertilizante tem um grande peso no custo de produção. O preço dele e de outros produtos subiu também pela pressão de demanda que houve. Incrementamos a área não em Mato Grosso, mas em todo mundo", declarou Latorraca.

Para o gestor, o momento é de avaliar o cenário antes de fechar negócios. "O produtor está vendendo a soja que colheu, plantando o milho safrinha, que deve ser recorde", pontuou.

Para o milho mato-grossense, os desembolsos devem crescer na ordem de 3%: de R$ 1.456 por hectare a R$ 1.499. Mas a variação apresentada no custo de produção de ambas as culturas pode variar, uma vez que a tradicional lei da oferta e demanda exerce parcela fundamental nesta relação. Na prática, com procura maior por produtos exigidos para preparar a safra, elevam-se os preços dos materiais utilizados.

Queda

Exceção, a safra de algodão deve ser a única a apresentar queda no custo de produção. Deve se tornar 4,6% menor em 2012/13 em relação a 2011/12: R$ 4.891 por hectare para R$ 4.660/ha.

As despesas com a aquisição dos insumos para a próxima safra devem estar na casa de R$ 2.300,26 por hectare no próximo ano agrícola, segundo estimativa do Imea. O recuo estimado para o algodão está associado também a menor euforia e corrida dos produtores por plantar esta cultura. No ano passado, a corrida pelo produtor em função dos bons preços do produto gerou um incremento nos custos de produção.

"Houve a euforia, mas agora está tranquila [a situação]", finalizou Daniel Latorraca.


Agrodebate
Autor: Leandro J. Nascimento