Depois de avançar 6% em abril, preços reduzem a velocidade de alta à espera dos mecanismos do governo federal e por causa do “milagre da multiplicação dos estoques” ainda não explicado pela Conab
Os preços do arroz em casca seguem em alta no Rio Grande do Sul, mas a trajetória de alta perdeu força diante do desempenho de abril, quando a saca de 50 quilos (58x10) foi valorizada em 6%. Segundo o indicador de preços do arroz em casca Esalq/Bolsa Brasileira de Mercadorias-BM&F-Bovespa, na última terça-feira (22/5), o preço médio alcançou R$ 28,28, com alta de 2,06% acumulada em maio. O valor correspondeu a US$ 13,59, em função da valorização do dólar sobre o Real, o que está estabelecendo novos parâmetros de vendas internacionais para o grão brasileiro e assegurando um fôlego nas tratativas.
Na última semana notou-se uma oferta ainda mais restrita por parte dos arrozeiros, que aguardam uma definição das ações do governo, mas a comercialização foi maior na Zona Sul, com produtores buscando fazer caixa para cumprir com seus compromissos. Enquanto isso, as indústrias da Campanha e da Fronteira Oeste mostraram-se mais cautelosas e menos interessadas em disputar o produto no mercado a base de melhores cotações.
A reação dos preços perdeu força basicamente por dois fatores diretamente relacionados ao governo federal. Em primeiro lugar, o já relatado “milagre da multiplicação dos estoques” patrocinado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em seu levantamento de safra divulgado em maio, que até o momento não tiveram maiores explicações para a cadeia produtiva. A Companhia não só alterou os estoques atuais, como mexeu nos resultados de safra já consolidados pelo menos nas últimas quatro safras, o que vem afetando a credibilidade dos critérios de avaliação da safra de arroz no Brasil.
Pelos números, que agregaram mais 900 mil toneladas ao estoque de passagem 2011/12 e que somaram um acréscimo de mais de 2 milhões de toneladas extras nos últimos anos, tem-se a impressão de que trata-se de um jogo de números alterados ao bel prazer de que os opera, e não seguem critérios técnicos, mas apenas os “ventos” do mercado ou do interesse governamental. Efetivamente, este poderia ser um fator baixista e que está retardando uma valorização maior do grão.
A outra interferência do governo federal, não é uma ação, mas uma omissão. Os mecanismos de apoio à comercialização ainda não operam (apesar de um cronograma ter sido divulgado com operações em abril) no mercado porque uma trapalhada dos ministérios prevê os valores dos contratos de opção públicas em dezembro deste ano, portanto daqui há sete meses, em R$ 27,50 por saca de 50 quilos (58x10) em casca. O valor de referência no final do ano, portanto, é menor do que o praticado em boa parte das praças gaúchas atualmente.
Apesar da garantia do MAPA de que esse impasse será solucionado, a cadeia produtiva já lê essa informação como atraso e o produtor já sente-se abandonado em um momento crucial de comercialização. As entidades setoriais estão buscando de todas as formas que o MAPA libere imediatamente os contratos já com valores atualizados em até R$ 32,00 por saca. Mas, a trapalhada já está feita e não há previsão de quando será desfeita. E todos nós sabemos mais uma vez de quem será o prejuízo!
Enquanto isso, o mercado livre gaúcho remunera o arroz em casca (50kg – 58x10) em média de 27,50, com cotações de até R$ 29,00 nos polos de beneficiamento próximos ao Porto de Rio Grande (Camaquã e Pelotas), para o produto colocado na indústria, e de até R$ 33,50 para o grão das variedades nobres (Irga 417 e BR Irga 409).
TRIBUTOS E CÂMBIO
Por hora, a valorização do dólar e uma pequena alta nos preços internacionais estão garantindo o mercado firme, bem como, e fundamentalmente, a baixa oferta interna de produto. A aprovação da MP 556/11 trará novidades ao setor, como a continuidade do programa de doações humanitárias, que deverá somar 500 mil toneladas do grão, a incidência de PIS/Pasep e Cofins (9,25%) sobre o arroz beneficiado importado (que poderá ser retroativo a janeiro) e isenção de tributos nos equipamentos de irrigação. Essas medidas reduzem as assimetrias do Mercosul, mas valem também para produtos de terceiros mercados, como grãos especiais.
INTERNACIONAL
A imprensa especializada divulgou esta semana que os preços internacionais voltaram a subir nos últimos 15 dias, mantendo uma trajetória de preços firmes já vista em abril. Entre fevereiro e maio de 2012, os preços do Thai 100%B já subiram 13%, cotados na última quinta-feira a US$ 615,00 a tonelada (FOB). No Vietnã, os preços subiram 3% em 30 dias. Apesar de disputarem mercados diferentes com o Brasil, são dois países que lideram as exportações mundiais e afetam sobremaneira o mercado internacional. A vantagem brasileira está no câmbio, neste momento. Embora os preços sigam subindo em Real, em dólar estão mais baixos.
MERCADO
A Corretora Mercado, de Porto Alegre, indica estabilidade de preços médios de R$ 56,00 para a saca de arroz beneficiado de 60 quilos. A saca de arroz em casca de 50 quilos retraiu para R$ 27,80 no Rio Grande do Sul, depois de ter alcançado R$ 28,00 há uma semana. Entre os derivados, estabilidade no canjicão, com média de R$ 34,80 por saca de 60 quilos, e valorização da quirera, que passou de R$ 28,00 para R$ 29,00 de média. O farelo de arroz manteve-se em R$ 295,00 a tonelada FOB/RS.
Fonte: Planeta Arroz
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