quarta-feira, 23 de maio de 2012

Aumento da oferta de leite mundial reflete no preço do leite em pó



Tanto os preços no leilão gDT quanto os preços apontados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) tem apresentado quedas consecutivas desde o início do ano, como pode ser visto no gráfico 1.

Gráfico 1: Histórico de preços de leite em pó integral segundo leilão gDT e USDA

Segundo o relatório quinzenal do USDA, a produção de leite europeia está se aproximando mais cedo que o habital do pico de produção na maioria das regiões. Embora os termômetros tenham marcado baixas temperaturas, o crescimento das gramíneas não foi comprometido. O reflexo dessa condição foi percebido com o maior volume de leite e agora as fábricas estão trabalhando com capacidade máxima. Os estoques de produtos lácteos fabricados na Europa estão altos, mas os fabricantes não estão tão preocupados, pois as vendas estão fluindo, ainda que de forma lenta.

Em relação à Oceania, o USDA notificou que a produção de leite continua mais forte que a previsão para essa época. A Nova Zelândia e Austrália estão terminando o ano de produção de forma muito positiva. Na Nova Zelândia, a produção de leite está 9 - 10% maior que o mesmo período no ano passado e na Austrália está 4 - 5% maior (de junho de um ano a maio do seguinte). Volumes de leite no final dessa estação foram estocados e volumes adicionais estão sendo ofertados no comércio global de lácteos (leilão gDT). A maioria dos produtores de leite reportou que as pastagens estavam apresentando bom desempenho, com reflexo positivo na produção de leite. E garante que o rebanho está indo para o inverno em condições muito boas.. Entretando, algumas indústrias de laticínios australianas estão projetando que em 2012 a produção será 4% mais baixo. Temem que as temperaturas mais baixas possam retardar o crescimento das pastagens, e assim, reduzir a qualidade e quantidade da alimentação do gado. 

Além da maior oferta nos países exportadores, que já tendenciavam os preços internacionais de lácteos para baixo, há agora também reflexo em decorrência do clima de instabilidade no cenário externo. 

Competividade brasileira e cenário futuro de curto prazo

A dinâmica entre o Real e os preços internacionais acontece da seguinte maneira no que se refere a balança comercial de lácteos: se os preços sobem e/ou o dólar se valoriza em relação ao real, melhora nossa competitividade; por outro lado, se os preços no mercado internacional se reduzem e/ou o real se valoriza frente ao dólar, perdemos competitividade. Nesses últimos dias, as duas variáveis trabalharam de forma oposta: os preços caíram, mas o real se desvalorizou, não alterando significativamente nossa posição competitiva: os ganhos decorrentes da desvalorização do real foram anulados pela redução nos valores do leite em pó.

A tabela 1 simula o preço de entrada do leite em pó integral proveniente do Mercosul, considerando o novo patamar de câmbio e o valor da tonelada do leilão gDT de 15/05. Considerando o frete de entrada, o leite em pó chegaria ao Brasil a valores próximos a R$ 0,67/litro mantendo o descolamento de preços frente ao valor brasileiro, que hoje em média vale R$ 0,86/litro.

A redução nos preços internacionais do leite em pó deve resultar em desestímulo à produção e aumento do consumo no médio prazo, já que várias moedas, entre elas o Yuan chinês, não sofreram desvalorização. Isso quer dizer que o poder de compra da China, principal importador mundial, aumenta à medida que os preços do leite em pó caem e sua moeda não desvaloriza na mesma proporção (como foi o caso brasileiro, Tabela 2). Há, no entanto, um período de tempo até que esse fenômeno atinja o mercado, de forma que os preços podem permanecer baixos no mercado externo por alguns meses.

Tabela 1: Comportamento das moedas: dias atuais versus janeiro de 2012.

Tabela 2: preço aproximado do litro de leite que entra no Brasil do Mercosul, em R$ (Fonte: MilkPoint, a partir de dados do gDT, Cepea/USP)

Para maiores informações visite: www.milkpoint.com.br

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