terça-feira, 10 de julho de 2012

Países exportadores ampliam oferta de leite



Segundo estudo, o Brasil elevou a produção e aumentou a exportação.

A produção de leite nos principais países exportadores (União Europeia, Estados Unidos, Nova Zelândia, Austrália, Argentina e Brasil) cresceu 3,3% entre fevereiro e abril de 2012, em comparação a igual período do ano passado, aponta estimativa realizada pelo Rabobank. "O aumento não deixa de ser significativo, levando-se em conta a crise econômica global, que retrai o consumo de diversas maneiras", avalia Guilherme Melo, analista econômico do Rabobank do Brasil.

Segundo o estudo, a liderança é ocupada pela Nova Zelândia, que registrou crescimento de 12% durante os três meses avaliados e atingiu 549 milhões de litros. As condições ideais de clima favoreceram o aumento da produção leiteira ao garantir a boa formação de pastagens para a alimentação do rebanho.

No entanto, o resultado não teve influência sobre as exportações, que caíram 7% em volume. Somente em abril, as vendas despencaram 13% em comparação a 2011. O descompasso entre produção e comercialização fez com que a Nova Zelândia aumentasse seus estoques de lácteos. "Houve uma queda significativa de embarques para a China", informa Melo.

A Argentina ficou em segundo lugar no ranking. Sua produção cresceu 7% no período, a 205 milhões de litros. Os pecuaristas do país vizinho se beneficiaram dos descontos nos preços do milho - resultado das restrições à exportação impostas pelo governo -, que ajudaram a sustentar a relação entre a produção de leite e oscustos de alimentação animal.

O mercado interno argentino tem absorvido a maior parte desta produção, mas existem evidências de acúmulo de estoques pelas indústrias. Para o segundo semestre, o Rabobank prevê ainda um aumento de 5% na produção e estima que parte dela seja voltada para a exportação.

A Austrália, que ocupa a terceira posição do ranking, registrou crescimento de 4,8% na produção de leite (113 milhões de litros) entre fevereiro e abril. Assim como na Nova Zelândia, suas exportações têm diminuído - só em abril, cederam 3,6% em relação ao mesmo período de 2011. Para o segundo semestre, o banco acredita em um crescimento de 3% na produção, com um pequeno incremento nas exportações.

Nos Estados Unidos, a produção cresceu 3,2% no período de fevereiro a abril, para 1,1 bilhão de litros. Porém, o produtor teve de arcar com o aumento nos preços dos grãos, que pressionou os custos da alimentação do rebanho. As exportações aumentaram 9% até abril - com perspectivas de estabilização no próximo semestre - e as importações diminuíram 12%.

Na União Europeia, a produção leiteira foi 2,1% maior (1,12 bilhão de litros) e as exportações, 9% superiores. Contudo, os preços pagos aos produtores chegam a ser 16% menores do que no mesmo período 2011. Além disso, os pecuaristas tiveram de lidar com o clima frio e primavera chuvosa, prejudiciais ao crescimento das pastagens.

Por último, o Brasil elevou sua produção em 3,3% entre fevereiro e abril (a 108 milhões de litros), apesar da estiagem que atingiu importantes Estados produtores, como o Rio Grande do Sul. Durante os três meses apontados pelo relatório, houve aumento de 2% no preço pago ao produtor, que chegou a R$ 0,85 na média nacional.

No entanto, as importações de leite em pó, especialmente do Uruguai, continuam a desestabilizar o mercado nacional, segundo indústrias e produtores. No período, os desembarques do país vizinho cresceram 7%. Para Guilherme Melo, analista do Rabobank no Brasil, as reclamações dos produtores nacionais, sobretudo em relação aos preços, coincidem com a dos criadores nos outros países. "É uma queixa decorrente de uma situação comum, de contratempos climáticos e de estoques altos das indústrias", avalia o analista.

Conforme análise do Rabobank, a demanda nestas regiões exportadoras não será capaz de absorver o leite adicional existente no mercado. Segundo o relatório, a francesa Danone já anunciou que reduzirá sua meta de lucros para este ano devido ao menor consumo de produtos lácteos na Espanha e outros mercados no sul da Europa.

Fonte: Rural Centro
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Brasil terá maior importação de trigo em seis anos



Segundo previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), safra 2012/13 importará 6,7 milhões de toneladas do produto

O Brasil importará na nova temporada o maior volume de trigo desde o ano-safra 2006/07, por conta de uma produção menor esperada no país, disse um representante do Ministério da Agricultura na sexta-feira (6).

O país, um importador líquido do cereal, importará 6,7 milhões de toneladas do grão no período 2012/13 (agosto/julho), segundo previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

No período 2011/2012, o Brasil importou 6,2 milhões de toneladas de trigo. Em 2006/07, as importações somaram 7,16 milhões de toneladas.

"Deverá continuar esse número, a não ser que haja uma melhoria muito grande no plantio do Rio Grande do Sul", disse o técnico de trigo do ministério Paulo Magno Rabelo.

A produção de trigo do país este ano deverá cair para 5 milhões de toneladas, ante 5,7 milhões na safra anterior.

Os agricultores dos principais Estados produtores do cereal do Brasil (Paraná e Rio Grande do Sul) estão na fase final do plantio. A área plantada no país será 12,6 por cento menor que na temporada passada, segundo a Conab, atingindo 1,9 milhão de hectares.

Antevendo uma safra menor, as importações foram aceleradas nos últimos meses.

As compras brasileiras foram bastante elevadas em maio, subindo para cerca de 770 mil toneladas, e seguiram fortes em junho, com os moinhos e tradings atentos à expectativa de uma safra menor no Brasil e também na Argentina, disse uma corretora.

A Argentina, principal fornecedor do cereal ao Brasil, deverá reduzir em 20 por cento o plantio em 12/13, na comparação com a temporada anterior, para 3,7 milhões de hectares, previu a Bolsa de Cereales de Buenos Aires na quinta-feira.

"Os moinhos e tradings perceberam que ia dar boa puxada e já se cobriram", disse a corretora, que atua em São Paulo e pediu para não ser identificada, referindo-se à alta do preços.

O trigo argentino saltou de 250 dólares/tonelada (FOB) há cerca de três meses para 300 dólares atualmente, em meio à expectativa de uma safra menor e, mais recentemente, pela alta dos futuros no mercado norte-americano.

"Antevendo isso, eles importaram bastante produto", concordou o técnico de trigo do ministério.

A importação do Brasil pode ser ainda maior se for considerada a farinha de trigo importada pelo país. O volume de farinha comprado anualmente equivale a 1 milhão de toneladas de trigo, acrescento o técnico do governo.
  
Fonte: Reuters Brasil 
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