A diferença entre os preços internacionais dos cafés arábica e robusta caiu ontem, dia 14, para um nível 47,6% inferior ao registrado há um ano, segundo cálculos do Valor Data. Tradicionalmente, o arábica, que normalmente tem qualidade superior, vale muito mais que o robusta, o que provoca um grande diferencial entre as duas variedades.
O spread dos vencimentos dos contratos futuros de segunda posição de entrega do arábica negociado em Nova York e do robusta transacionado na bolsa de Londres nesta segunda-feira foi de 81,06 centavos de dólar por libra-peso a favor do primeiro. Há um mês, a diferença era de 88,94 centavos; há um ano, era de US$ 1,5478, ou 47,6% mais que o spread atual.
A diferença de preços é acompanhada de perto pelos torrefadores, que muitas vezes substituem alguns grãos arábicas em suas bebidas pelo robusta, mais barato. Nos últimos dois anos, houve maior uso do café robusta nos blends da bebida em função dos preços elevados do arábica, que em 2011 atingiram máximas em 14 anos. Em 2012, os preços futuros do arábica já caíram mais de 23% com a expectativa de uma colheita maior no Brasil. Ao mesmo tempo, os preços do robusta subiram cerca de 20%, em parte devido à retenção de vendas dos cafeicultores do Vietnã, maior produtor mundial da variedade, à espera de valores maiores do produto. Mas a maior demanda pelo robusta também provocou a valorização da variedade no mercado internacional, afirma Gil Barabach, analista da Safras & Mercado.
Segundo ele, nos últimos meses houve um menor diferencial entre as variedades, diante da queda registrada nos valores do arábica. E agora ocorre um "realinhamento" da estratégia das torrefadoras diante da perspectiva de maior oferta de café arábica com a entrada de uma grande safra brasileira. Além disso, de acordo com Barabach, existe uma acomodação do consumo de café diante do período de primavera no hemisfério Norte.
"A expectativa é que as compras das torrefadoras se concretizem nos próximos meses e que os produtores brasileiros vendam a safra tão logo tiver a oferta do produto", disse Keith Flury, analista sênior de commodities do Rabobank.
Fonte: Valor Econômico
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