Entre os muitos desafios que a cafeicultura paranaense tem pela frente está o combate ao nematóide, parasita que afeta toda região cafeeira do estado. Para controlá-lo, o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), instituição participante do Consórcio Pesquisa Café, lançou a IPR 100, a primeira cultivar de café arábica resistente ao nematoide M. paranaensis sem a necessidade de enxertia. As pesquisas que resultaram na nova cultivar contou com recursos do Consórcio Pesquisa Café, cujo programa de pesquisa é coordenado pela Embrapa Café, Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Mapa.
Desenvolvido a partir do melhoramento genético tradicional, a nova variedade faz parte dos esforços da instituição em buscar alternativas de controle do parasita sem a necessidade de aplicação de agroquímicos, que encarecem o custo para o agricultor e ainda podem contaminar o solo e até o lençol freático, já que os nematóides vivem nas raízes das plantas. Em outro estudo realizado em laboratórios do Iapar, uma equipe de pesquisadores reduziu em 88% a reprodução do nematóide utilizando fungos micorrízios e nematófogos, outra iniciativa inédita.
Atributos positivos - A IPR 100 tem mais rusticidade fitossanitária e climática, ou seja, mais resistência a doenças e melhor adaptação ao calor e à seca, consequentemente propicia aumento de produção, qualidade e sustentabilidade produtiva e ambiental. "Em termos práticos, a nova cultivar é 20% mais produtiva que as demais cultivares comerciais e reduz em 30% o custo de mecanização e de infraestrutura. No Noroeste do Paraná, a cultivar está com excelente desempenho em 100% das propriedades. Como as doenças acabam se espalhando por diversos estados produtores, a expectativa é que a nova cultivar atenda também cafeicultores de São Paulo, Minas Gerais e Bahia", explica o pesquisador Tumoro Sera, do Iapar.
A IPR 100 é indicada preferentemente para regiões quentes com temperatura média anual acima de 21,5°C graus, principalmente o Noroeste, onde a presença do nematóide é mais frequente. "Nas regiões cafeeiras mais frias, a nova cultivar é indicada com restrições para áreas menos sujeitas a geadas de início de inverno", completa. A variedade pertence ao grupo de maturação supertardia. Ela permite redução de custos e os riscos de chuva na colheita com a colheita escalonada entre abril e junho nas regiões mais quentes e entre junho e agosto nas regiões mais frias.
Cuidados adicionais - O fato de a IPR 100 ser resistente ao nematóide não quer dizer que ela seja totalmente imune ao parasita, por isso todo cuidado é pouco. "É preciso ficar atento para não introduzir novos nematóides na propriedade por mudas de plantas, veículos/ferramentas e água/solos infestados, pois anula a resistência das cultivares", alerta o pesquisador. Segundo ele, existem mais de sete nematóides que parasitam o café no Brasil e outros no exterior. Assim, o local da propriedade que precisa de mais atenção é o pátio de carregamento do viveiro, por onde geralmente chega a doença.
Cafeicultura no Paraná em 2012 - Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento - Conab, a área total plantada com café no estado foi estimada em 87.095 hectares. A produção para a atual safra está prevista em 1,6 a 1,8 milhão de sacas beneficiadas, 24,46 sacas por hectare. O café está presente em aproximadamente 210 municípios e é responsável por 3,2% da renda agrícola paranaense. Aproximadamente 76 mil pessoas têm empregos diretos com a cultura, na área de produção e indústria. O Paraná exporta mais de 40% do café solúvel brasileiro.
O estado é marcado pela qualidade de seus grãos. Os cafés produzidos no norte do Paraná proporcionam uma bebida extremamente encorpada, com amargor acentuado, aroma caramelizado e acidez normal. É um café de alta latitude (24o 34S) obtido nas famosas terras roxas e nos solos do arenito Caiuá. É uma região de transição climática que proporciona as variabilidades de clima e solo. Nela, se produz o Café Qualidade Paraná que atende as mais variadas tendências de consumo e resulta do novo modelo tecnológico que mudou radicalmente a forma de produzir café no estado.
Consórcio Pesquisa Café - Tendo por base a sustentabilidade, a qualidade, a produtividade, a preservação ambiental, o desenvolvimento e o incentivo a pequenos e grandes produtores, com responsabilidade social e ambiental, participam atualmente do Consórcio as dez instituições fundadoras - Ministério da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento (Mapa), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (Pesagro), Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Universidade Federal de Lavras (Ufla) e Universidade Federal de Viçosa (UFV) - e outras 40 instituições de pesquisa, ensino e extesão. As pesquisas estão concentradas nas áreas de melhoramento genético, biotecnologia, segurança alimentar, otimização do sistema produtivo, manejo integrado de pragas e doenças, cafeicultura irrigada, zoneamento climático, colheita e pós-colheita, aperfeiçoamento de processos e desenvolvimento de equipamentos.
As pesquisas do Consórcio Pesquisa Café contam com o apoio e o financiamento do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira - Funcafé, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Mapa.
Para maiores informações visite: www.cafepoint.com.br
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