Saída encontrada por agricultores é a utilização das estruturas de cooperativas
Juros altos e curto prazo para pagamento são as principais observações dos agricultores brasileiros sobre os financiamentos para construção de estruturas de armazenagem. O número de repasses, cuja principal linha para o segmento é o Programa de Incentivo à Irrigação e à Armazenagem (Moderinfra), registrou alta nos últimos anos. Em 2011, foram oferecidos R$ 114,4 milhões, ante R$ 86,5 milhões em 2010. Porém, o valor é quatro vezes menor do que o disponibilizado em 2004, de R$ 462 milhões. Nos últimos 10 anos, foram R$ 2 bilhões em crédito, de acordo com dados do Ministério da Agricultura.
Uma das alternativas encontradas pelos produtores é recorrer às cooperativas. É o caso de Leandro Maldaner, que cultiva 500 hectares de soja, milho e feijão. Toda a sua produção é destinada a uma cooperativa que faz a secagem, armazenagem e a venda dos grãos. O custo da operação consome 15% do valor de cada saca. Pelo menos 85% dos armazéns do país ficam nessas empresas, nas áreas urbanas ou nos portos.
– É por falta de política econômica do governo. Não somos grandes produtores, mas se o governo tivesse uma taxa de juros menor e um prazo maior para que viabilizasse a implantação de um silo, de um secador, seria melhor para a gente – diz.
O doutor em engenharia mecânica da Universidade de Brasília João Batista Soares explica que a queda no número de financiamentos ocorre, entre outros motivos, por excesso de burocracia.
– Existe em torno de 11 linhas de crédito para o agricultor, desde pessoa física e pessoa jurídica até agricultura familiar. Entretanto, muitas das vezes, a burocracia é tanta que o agricultor se sente desestimulado a buscar esses recursos – aponta.
Ricardo Thomé, gerente de Cadastro e Credenciamento de Armazéns da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), admite que créditos a juros de 6,75% ao ano e prazo de 12 anos para pagar são pouco atrativos.
– Se você pegar um histórico do uso do Moderinfra, verá que é muito baixo em relação ao que é disponibilizado pelo governo. Porque o juro, a meu ver, é muito alto e não existe a possibilidade de o produtor pagar em produto, em grãos – afirma.
O Ministério da Agricultura estuda unificar a política de armazenagem para otimizar o investimento, conforme o secretário de Política Agrícola do órgão, Caio Rocha.
– Estamos estudando um programa nacional de armazenagem, para que o governo possa ter uma avaliação anual sobre o crescimento do programa. Precisamos ter armazéns públicos. A armazenagem precisa se constituir e essa é uma determinação do ministro Mendes Ribeiro Filho em um programa nacional – garante.
Soares acrescenta que a expansão da agricultura passa por esses investimentos.
– Se ele é produtor de grão, vai ter essa rentabilidade quando vender o produtor. Ele só vai vender o produto se tiver condições para quem vender e época em que vender. Isso só vai ser possível se ele tiver o produto guardado de forma correta em boa qualidade, para que ele possa comercializar em condições mais favoráveis para ele próprio. A liderança da agricultura é feita quando o produtor rural é valorizado – pontua.
Para maiores informações visite: www.ruralbr.com.br
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