terça-feira, 5 de junho de 2012

Desigualdades condicionam segurança alimentar nas Américas



Maior investimento agrícola, incentivos à pesquisa e transferência de tecnologia e fortalecimento da agricultura familiar são algumas das recomendações do IICA à OEA para aumentar o apoio da agricultura para a segurança alimentar regional 

Nas últimas duas décadas, a produção alimentar em geral aumentou nas Américas, embora o crescimento tenha sido diferente nas regiões e países importadores ou exportadores. 

Entre 1990 e 2010, as regiões Andina, Sul e Central mostraram aumento na produção, sendo o Caribe que menos cresceu, devido a baixa produção de hortaliças e estagnação da produção de grão.

Os dados são do informe Situação da segurança alimentar nas Américas , assinado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) por solicitação da Secretaria Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA).

O documento facilitará os debates sobre segurança alimentar dos países, durante a XLII Assembléia Geral da OEA, prevista para acontecer esta semana em Cochabamba, Bolívia.

Paralelamente ao aumento na produção de alimentos, nas Américas também se identificou um aumento nas importações e na dependência dos mercados internacionais, a um ritmo maior que o crescimento da produção.

De acordo com especialistas do IICA, “os riscos dessa situação são variáveis, pois como as regiões Norte e Sul têm praticamente assegurada a disponibilidade de alimentos para sua população, os demais grupos de países e sobretudo o Caribe apresentam alta dependência das importações”

O Informe recomenda aumentar o investimento agrícola, estimular a pesquisa, extensão e transferência de tecnologia, fortalecer a agricultura familiar e de pequena escala e melhorar o acesso de pequenos e médios produtores aos mercados.

“Consideramos que é chave respaldar a agricultura familiar e a de pequena e média escala, por sua participação na produção de alimentos e por gerar emprego, aumenta as rendas rurais e ajuda a combater a pobreza”, destacou o Diretor Geral do IICA, Víctor M. Villalobos.

Há riscos

No período de 1990-2010, a América Latina e o Caribe (ALC) mostrou uma melhoria sustentada do Índice Geral da Fome, medido pelo Instituto Internacional de Pesquisa sobre Políticas Alimentares (IFPRI, sigla em inglês).

Em geral, a maioria dos países está na situação de baixa ou moderada insegurança alimentar; no caso de países como Bolívia, Guatemala, Nicarágua, República Dominicana, Equador e Panamá apresentaram países demandantes de atenção; e em estado crítico fica o Haiti.

Segundo suas Reservas Monetárias Internacionais (RMI) as regiões importadoras de alimento na América Latina e Caribe têm hoje capacidade para financiar suas importações (em geral, as RMI cobrem entre 43 e 98 meses de importação, sendo 12 meses o mínimo recomendado), embora o Haiti, Santa Lucia, a República Dominicana e a Nicarágua teriam, com eventualidades, pouca liquidez para adquirir alimentos em mercados internacionais.

No Caribe, as importações de alimentos representam entre 2% e 10% do produto interno bruto (PIB), por isso esta é a região mais vulnerável do continente em termos de acesso internacional para esses produtos.

Além destes elementos, o acesso individual (consumo de alimentos por pessoa) também é influenciado por fatores como pobreza, desigualdade na distribuição de renda e processos de inflação na América Latina e Caribe.

Dietas pouco saudáveis, com níveis crescentes de obesidade e os desafios no acesso à água potável e saneamento, bem como serviços médicos e sistemas de saúde e segurança alimentar, são adicionados às questões que a ALC deveria ser reforçada para atingir a segurança alimentar.

Alcançar esse objetivo depende também das estratégias que os países do hemisfério desenvolvem na busca por mitigar e adaptar a agricultura às mudanças climáticas, que em médio e longo prazo ameaçam a disponibilidade de alimentos para a população.

Estratégias integrais

Dados os desafios descritos no relatório técnico e de acordo com o seu objetivo estratégico de melhorar a contribuição da agricultura para a segurança alimentar hemisférica, o IICA promove a adoção de estratégias globais para:

1. Aumentar o investimento na agricultura, a fim de desenvolver capacidades científicas e de pesquisa, inovação e extensão;

2. Desenvolvimento eficiente e transparente dos mercados agrícolas;

3. Adotar políticas e arranjos institucionais para a integração da agricultura de pequena e média escala aos mercados;

4. Promover o comércio internacional livre de alimentos;

5. Desenvolver programas de acesso aos alimentos para grupos populacionais vulneráveis;

6. Adaptação da agricultura às mudanças climáticas e a variabilidade do tempo e minimizar os riscos destes fenômenos e à volatilidade dos preços agrícolas; e

7. Reduzir e mitigar os impactos da agricultura sobre o meio ambiente e promover programas de educação em segurança alimentar e nutricional.

Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA)
Para maiores informações visite: www.agrolink.com.br

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