sexta-feira, 18 de maio de 2012

BRF: três anos após a fusão, valor de mercado é duas vezes maior



Três anos após o anúncio da união entre Perdigão e Sadia, a empresa de alimentos resultante, a BRF-Brasil Foods, está mostrando que entre suas especialidades está a matemática, além de carnes de aves e suínos, pratos prontos e embutidos, entre outros produtos. A companhia que surgiu da união das duas rivais vale hoje o dobro do que eram avaliadas as empresas juntas antes da combinação. O valor de mercado do negócio está próximo de R$ 30 bilhões – o dobro dos R$ 15 bilhões marcados ao fim do primeiro pregão após a Perdigão incorporar o controle da Sadia, em 8 de julho de 2009.

A BRF está se apropriando dos pontos positivos de cada uma: o prêmio que os investidores atribuíam na bolsa à governança da Perdigão e o prêmio que os consumidores pagavam pela marca Sadia no supermercados. A BRF também se beneficiou de um momento positivo da economia doméstica. O aumento da demanda interna reduziu o impacto do enfraquecimento do mercado internacional. A crise financeira deixou consequências profundas e duradouras nas economias dos países desenvolvidos.

No mesmo período da combinação das companhias, o Índice Bovespa saiu de 49.177 pontos para os atuais 55.887 pontos, alta de 13,64%. Já o Índice do Setor de Consumo saltou de 976 pontos para 1.949 pontos, indicando a concentração do apetite dos investidores por companhias ligadas à economia interna.

Apesar de fruto de um cenário extremo – a quebra da Sadia após as perdas de R$ 2,55 bilhões com derivativos cambiais em 2008 -, a BRF deixou as dificuldades financeiras para a história. Já alcançou a nota de grau de investimento pelas três principais agências de classificação de risco de crédito.

O valor de mercado da BRF evoluiu de maneira muito mais veloz do que a receita das empresas combinadas. Quando unificadas, Perdigão e Sadia somavam receita líquida da ordem de R$ 22 bilhões. No ano passado, a receita líquida da BRF somou R$ 25,7 bilhões – pouco mais de 10% de expansão. O volume de carnes produzido subiu de 5,3 milhões de toneladas, em 2009, para 5,8 milhões em 2011 – alta também da ordem de 10%.

É pela avaliação de que o negócio caminha no rumo certo que a capitalização evoluiu e também pelas sinergias capturadas com a fusão. A expectativa é que a partir deste ano a economia anual fique em torno de R$ 1 bilhão – o dobro do inicialmente projetado. No primeiro ano, o ganho ficou em R$ 500 milhões e, no ano passado, o saldo bruto foi de R$ 700 milhões.

A combinação das companhias ainda não alcançou sua plenitude. Isso porque a integração dos negócios ocorreu de maneira parcelada, no aguardo do acordo com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), obtido em julho do ano passado. Inicialmente, apenas a parte financeira pôde ser integrada, em função da urgência da situação da Sadia.

Logo após os compromissos firmados com o Cade, em julho, a BRF anunciou os planos de chegar a 2015 com R$ 50 bilhões de faturamento líquido – quase o dobro do que encerrou o ano passado. Desde então, a companhia teve valorização de 26,7% e agregou R$ 6 bilhões de valor de mercado.

A companhia tem hoje 45% da receita proveniente do mercado interno, 10% de produtos lácteos e 5,6% do segmento chamado de “food service” – como fornecedora para as chamadas refeições fora do lar. O restante é proveniente das exportações.

O desafio da BRF ao longo desses próximos anos é a consolidação do setor de alimentos no modelo de companhias fornecedoras de proteína animal. Esse conceito coloca todas elas, as produtoras de carne bovina e as de aves e suínos, lado a lado.

Por enquanto, a companhia não sofre ameaças de consolidação no atual cenário do setor. Contudo, sofre sim limitações como consolidadora. Com a união das duas maiores empresas de alimentos na área de proteína animal, Perdigão e Sadia, há pouco espaço para aquisições no Brasil. Fora do país, contudo, a empresa segue com potencial e apetite para expansão.

Fonte: Valor Econômico
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