quarta-feira, 18 de julho de 2012

ALGODÃO: Clima de impasse marca novo encontro de Brasil e EUA



O Brasil e os Estados Unidos fazem nova negociação bilateral sobre o contencioso do algodão nesta terça e quarta-feira (17 e 18/07) em Brasília, em clima de impasse 

Negociadores dos dois lados querem saber o que cada lado vai fazer proximamente e ver se há um espaço mínimo para uma solução negociada que evite retaliação pelo lado brasileiro contra produtos americanos. Produtores de algodão americano também estarão em Brasília e vão se reunir com representantes do governo na quinta e sexta-feira (19 e 20/07). "Essa reunião é muito importante para balizar o futuro do contencioso", diz o embaixador do Brasil junto à Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevedo, que dirige as negociações do lado brasileiro.

Acordo bilateral - O Brasil e os EUA têm um acordo bilateral que acaba em setembro. Por ele, o Brasil suspendeu a decisão de aplicar sanção de US$ 800 milhões por ano contra produtos americanos, em troca de uma compensação americana de US$ 147 milhões por ano para os cotonicultores brasileiros.

Garantia - Não há, contudo, qualquer garantia de que essa compensação será mantida, já que a nova "Farm Bill", a lei agrícola americana, continua em negociação no Congresso. A tendência é de o documento só ser votado depois da eleição presidencial de novembro. Além disso, o projeto que saiu do Senado, que já era considerado ruim pelo Brasil, piorou na Câmara dos Deputados.

Ajudas - Produtores americanos de algodão receberam novas garantias de subsídios. Na versão da Câmara, as ajudas consideradas ilegais pela OMC não acabam, e sim aumentam, e não resolvem o contencioso com o Brasil.

Restrições - Os deputados também mantiveram intactas as restrições na importação de açúcar, outro produto de interesse brasileiro. Tudo isso ocorre quando a administração de Barack Obama continua tentando apertar os cintos, de um lado, e a renda de agricultores americanos bateu recorde com US$ 101 bilhões no ano passado.

Carta - O embaixador Azevedo enviou uma carta ao principal negociador agrícola do USTR, a agência de representação comercial americana, para reiterar os problemas que o Brasil vê nas propostas que aumentam e não reduzem as subvenções. O governo em Brasilia reativou o grupo de trabalho para examinar como aplicar a retaliação contra os americanos.

Ponto sensível - Um dos pontos sensíveis da negociação entre os dois governos são alterações específicas num programa de subsídios agrícolas americanos, pelo qual Washington quer reduzir quase pela metade o direito de o Brasil impor retaliação. Pelas estimativas americanas, o governo brasileiro só poderia agora retaliar em cerca de US$ 500 milhões. É que o juiz da OMC criou uma fórmula para determinar a cada ano o valor da sanção com base numa série de variáveis. Na época, negociadores brasileiros perceberam o risco de variantes "esotéricas", das quais os americanos poderiam se aproveitar para "manipular" o valor futuro da sanção.

Lista - Assim, Washington tirou os bancos brasileiros da lista do programa GSM, por meio do qual financiavam a importação de algodão com a garantia do governo americano. Essa mudança foi feita em 2010, mas somente agora passou a ter o efeito, com a constatação das cifras do comércio de 2011.

Para maiores informações visite: www.portaldoagronegocio.com.br

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