A OCDE e a FAO reconhecem que não é mais possível fazer projeções no setor agrícola sem levar em conta o peso dos biocombustíveis nesses cálculos. A produção agropecuária precisará crescer mais de 60% nos próximos 40 anos para atender à crescente demanda por alimentos. Isso significa produzir 1 bilhão de toneladas de cereais e 200 milhões de toneladas de carnes a mais por ano em relação aos níveis de 2007.
No entanto, o espaço para expansão da área plantada é limitado. O total de terra arável é projetada para crescer 69 milhões de hectares, menos de 5%, até 2050. E a produção global de etanol e biodiesel (concentrada em Brasil, EUA e União Europeia) é projetada para quase dobrar até 2021, e grande parte da matéria-prima continua sendo agrícola.
O etanol vai absorver nada menos que 34% da produção global de cana e 14% da de grãos nos próximos dez anos. A produção de biodiesel utilizará 16% do óleo vegetal global. No Brasil, especificamente, o volume de etanol de cana poderá atingir 51 bilhões de litros até 2021, representando 28% da produção mundial.
O comércio global de etanol deverá aumentar fortemente, passando dos atuais 4% da produção para 7%, em dez anos. A maior parte dessa alta é atribuída ao comércio entre Brasil e EUA. A expectativa é que os americanos importem cerca de 16 bilhões de litros, como alternativa mais barata para cumprir as metas do uso do combustível no país.
Por sua vez, o Brasil poderia importar 7,5 bilhões de litros do etanol de milho americano para suprir a demanda dos carros flex fuel, capazes de rodar com álcool e gasolina. "De onde virá essa enorme alta de 60% da produção agrícola? Essencialmente da produtividade", pergunta e responde o secretário-geral da OCDE, Angel Gurria, durante a apresentação do relatório em Roma.
A crescente produtividade é considerada vital para moderar os preços agrícolas e reduzir a insegurança alimentar no mundo. Para José Graziano da Silva, diretor-geral da FAO, a América Latina e a África Subsaariana, que apresentam maior potencial agrícola atualmente, terão condições de permitir esse crescimento.
Nos próximos dez anos, as produções de carnes, lácteos, óleos vegetais e açúcar nos países em desenvolvimento vão superar amplamente as das nações desenvolvidas. Só no caso de alguns tipos de queijos, leite em pó, biocombustíveis e óleo de peixe os ricos continuarão no domínio.
Mas a FAO alerta que a produção cresceu nos últimos anos graças ao aumento de área e da utilização de insumos, que não poderão ser mantidas no futuro. Segundo a entidade, cerca de 25% da totalidade das terras agrícolas estão muito degradadas. O desafio apontado pela organização é fazer o melhor uso sustentável dos recursos disponíveis.
Para maiores informações visite: www.biodieselbr.com
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