Sistema, desenvolvido pela Universidade Federal de Viçosa, pode triplicar plantio sem aumento da área e de insumos
Pesquisas realizadas na Universidade Federal de Viçosa garantem que é possível produzir até três vezes mais tomates sem aumentar a área nem a quantidade de insumos agrícolas. A nova técnica de plantio, nomeada de Sistema Viçosa, é resultado de dez anos de pesquisas coordenadas pelo professor Derly Henriques da Silva, do Departamento de Fitotecnia da UFV. O sistema já está sendo testado em algumas propriedades rurais da zona da Mata Mineira e discutido no meio acadêmico.
Os testes do Sistema Viçosa mostraram que ao utilizá-lo é possível reduzir o custo de produção em cerca de 20% por caixa. A lucratividade, segundo os pesquisadores, é cerca de 220% maior considerando-se a média do preço do tomate nos últimos dez anos. Isso porque, o Sistema Viçosa, além de triplicar a produtividade, aumenta em até 30% a produção de frutos grandes, que são bem mais valorizados pelo mercado.
O professor Derly explica que a pesquisa começou avaliando os métodos tradicionais para dar mais eficiência ao plantio, mas acabou propondo modificações em todo o sistema. Em vez de duas hastes, o sistema propõe apenas uma para obtenção de frutos maiores e mais desejáveis pelo mercado. Enquanto no método tradicional é comum fazer a desponta, ou poda apical, a partir do sexto cacho, no sistema Viçosa é aconselhável que se deixe a haste desenvolver normalmente até o oitavo ou décimo cacho, dependendo das condições sanitárias da lavoura. Depois disto retira-se as inflorescências, deixando-se de seis a nove folhas acima do último cacho, quando então faz-se a desponta.
Os pesquisadores também concluíram que após o início da colheita retirar as folhas abaixo do primeiro cacho e repetir este procedimento até o terceiro reduz a área foliar lesionada por insetos e doenças e diminui a fonte de novas contaminações sem perdas na produção.
As mudanças mais radicais no novo sistema são o espaçamento e a forma de plantio. A maioria dos produtores amarra as plantas a bambus que são escorados inclinadamente em fios de arame formando um “V” invertido. Os pesquisadores, porém, observaram que o excesso de folhas na parte de dentro do “V” invertido acumula umidade e dificulta a incidência de sol nas plantas, facilitando o acesso de pragas e doenças e reduzindo a eficiência fotossintética. Os pesquisadores concluíram que, para evitar esses problemas, o ângulo ideal para o crescimento das plantas varia entre 60 e 75 graus formando um “V” verdadeiro.
A próxima modificação está no distanciamento entre plantas e fileiras no momento do plantio. O sistema tradicional usa o distanciamento de 0,5m a 0,7m entre plantas e de um a 1,20m entre fileiras. Os pesquisadores da UFV testaram um plantio adensado com apenas 20 cm de distância entre as plantas e dois metros entre fileiras. O “tapete de raízes” otimizou a absorção de água e nutrientes.
O que torna possível o aumento no lucro produtivo gerado pelo Sistema Viçosa é conduzir as plantas em forma de “V” verdadeiro, inclinando uma planta para cada lado e favorecendo a insolação e ventilação. Assim, cada planta fica distante uma da outra em cerca de 40 cm, dentro da linha e o produtor ganha espaço entre as fileiras, facilitando as operações diárias e possibilitando até o uso de pequenos tratores. Como as folhas de baixo são podadas, o sol pode entrar a vontade, minimizando o crescimento de pragas e doenças.
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