A concentração da oferta de bovinos, em maio, somada a uma menor demanda, no varejo, pela carne do boi, levou o preço da arroba ao patamar mais baixo desde setembro de 2010. O boi gordo sofreu desvalorização de 6,9% desde janeiro, de acordo com a consultoria Scot. Em São Paulo, o produto estava cotado a R$ 93 no início da semana, segundo o Centro de Estudos Avançados de Economia Aplicada (Cepea).
"Esse é um período de bastante oferta: maio. E a demanda é bem ruim. A expectativa é que [o preço] melhore um pouquinho daqui em diante", analisa o dono da consultoria Bigman, Maurício Palma Nogueira. Na média parcial do mês, com base em números do Cepea, o especialista trabalha com os seguintes valores para a arroba do boi: cerca de R$ 92, em São Paulo, e pouco acima de R$ 86 na média nacional.
O mercado poderá ter preços "mais firmes" entre junho e julho, durante a entressafra, mas com o clima mais frio, no final de julho e início de agosto, os bovinocultores deverão promover uma nova onda de oferta, fazendo reduzir novamente o valor da arroba.
"Tudo indica que o pico de preço será em novembro", diz Nogueira. "Os preços são mais altos no segundo semestre. Mas, em relação a 2011, devem ser menores desta vez - é o que sinaliza o mercado", observa o analista Hyberville Neto, da Scot.
O descarte de matrizes e a oferta de bezerros, maior neste ano, estão entre os fatores de baixa nos preços, de acordo com Neto. A retenção de bovinos fêmeas no pasto, nos últimos anos, em função do ciclo de alta (iniciado em 2006) da pecuária, está resultando justamente nessa oferta.
Em valores nominais (descontada a inflação), a arroba do boi está valendo 4,1% menos neste mês do ano, em relação ao mesmo período do ano passado, segundo Neto. "Houve desvalorização real também", completa o especialista.
Tendências
Outro fator que influencia os preços, mas neste caso na direção contrária, isto é, para a valorização do boi gordo, é a condição dos pastos no Brasil. Com o avanço das culturas agrícolas sobre as pastagens e a degradação do solo decorrente da pecuária extensiva, a oferta de boi tende a ser comprometida no futuro.
"2013 é uma incógnita. Acho que a demanda superará a oferta", diz Nogueira, prevendo preços acima de R$ 100 por arroba para o ano que vem. Neto traça um cenário parecido: com uma oferta estável ou menor ("razoável"), o mercado deve ser pressionado. A demanda, porém, é incerta, segundo o analista da Scot.
Neste ano, o volume de abates deve chegar a 39,5 milhões, segundo estimativas da Bigman. No ano passado, foi de 38,8 milhões.
Margem do varejo
O único participante da cadeia de bovinos que não acompanha a perda de margens, em função da redução de preços, é o varejo, de acordo com números da Bigman. Entre abril e maio deste ano, por exemplo, o preço da carcaça de boi, no atacado, caiu de R$ 89 para R$ 87; nos frigoríficos paulistas, a arroba de R$ 94 passou a valer R$ 91; enquanto no varejo houve valorização, embora pequena, de R$ 204 para R$ 205.
"A margem do varejo até aumentou", frisa Nogueira, explicando que as margens do produtor e dos frigoríficos estão apertadas "como sempre foram". Um estudo da consultoria mostra que, dos anos '70 até hoje, "o varejo é o único que está aumentando margens". Nogueira afirma que "hoje, os produtores e frigoríficos teriam que produzir cinco vezes mais para obter a rentabilidade dos anos '70".
DCI - Diário do Comércio & Indústria
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