Por meio da divisão Water Technologies, há 10 anos a Beraca investe em programa de tecnologias para melhoria da qualidade da água utilizada na produção rural, incluindo o leite
Segundo previsão da Leite Brasil, associação que representa os produtores brasileiros, o mercado de leite deve continuar crescendo em 2012, passando de uma produção aproximada de 31 bilhões de litros, em 2011, para 32,3 bilhões de litros neste ano.
Com o aumento da produção e do consumo, surge também a preocupação com a qualidade do produto que chega aos consumidores. E não só com a condição do leite em seu estágio final, mas em todos os passos do processo produtivo, a partir da ordenha. No caso do leite, por exemplo, toda a água utilizada durante a sua cadeia de obtenção tem papel fundamental no resultado final, desde o que se disponibiliza para o consumo animal até os recursos aplicados para a manutenção dos equipamentos.
Por meio da divisão Water Technologies, a Beraca - que há mais de 50 anos investe no desenvolvimento de tecnologias sustentáveis no país - promove um programa de melhoria da qualidade da água que engloba produtos sanitizantes e desinfetantes, além de equipamentos dosadores que atendem às necessidades dos produtores rurais.
“Há 10 anos aplicamos este programa nas maiores empresas nacionais e regionais do segmento de aves, suínos e agora produtores leite”, destaca João Luis dos Santos, Gerente de Produtos da Beraca. “Temos um corpo técnico composto de veterinários, engenheiros civis, sanitaristas e químicos que, por sua multidisciplinaridade, está apto a atender qualquer situação e ministrar treinamentos relativos ao assunto para empresas e produtores” completa.
Questão de saúde
Vale destacar que, mais do que adequar-se às exigências de mercado, a sanitização é muito importante por tratar-se de uma questão de saúde pública. Seja pelo consumo de água contaminada na propriedade, que coloca em risco a saúde daqueles que se abastecem desta, ou pela contaminação do leite. O aumento do consumo de leite e derivados crus, sem condições de higiene adequada em seu processamento, coloca em risco de toxinfecções graves aqueles que os consomem.
Segundo Joao Luis, a Instrução Normativa 62 é a responsável pelo padrão de qualidade da água que deve ser utilizada em toda cadeia de produção de leite. “A fonte de abastecimento de água, por exemplo, deve assegurar um volume total disponível correspondente à soma de 100 l por animal a ordenhar e 6 l para cada litro de leite produzido”. Além disso, deve ser de boa qualidade e apresentar, obrigatoriamente, as características de potabilidade fixadas no Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal - RIISPOA. Com relação aos reservatórios de água tratada, as normas estipulam que sejam mantidos tampados e isolados por cercas em pontos afastados das instalações, para que não possam provocar danos. O controle da taxa de cloro deve ser diário.
Ao contrário do que se pensa, os investimentos não são altos para quem quer se adequar às normas. Para se ter uma noção, o produtor de 500 litros de leite por dia, que ordenhe 50 animais - utilizando o consumo de água proposto pela IN 62 (100 l por animal a ordenhar e 6 l para cada litro de leite produzido) e considerando a água que necessite apenas de um processo regular de desinfecção, o valor empregado em produtos e dosadores será de R$ 0,0034/litro de leite produzido em um ano. No segundo ano, quando não será necessário de investir em equipamentos, a cifra é reduzida para R$ 0,0015/litro de leite produzido no ano. “Este valor pode ser considerado padrão, ao menos que a água disponível seja muito turva ou barrenta, o que irá demandar mais fases no tratamento. Outro detalhe é a questão dos reservatórios, que deverão ser adequados em caso de mal dimensionamento”, esclarece João Luis.
O custo com água potável em uma propriedade é irrisório se comparado aos riscos a que podemos estar expostos ao utilizar recursos em condições impróprias. Uma contaminação, dependendo do microrganismo, pode matar em alguns dias, ou deixar a pessoa adoecida por semanas. “Normalmente, os produtores separam a água de suas propriedades em dois tipos, uma potável para uso mais nobre e outra, sem tratamento, para limpezas e consumo animal. Isso significa colocar em risco todo o processo produtivo uma vez que em determinado momento de descuido, as águas poderão entrar em contato e o trabalho de separação poderá ser perdido”, defende o especialista.